Wednesday, October 20, 2010

“COLONIALISMO, ANTI-COLONIALISMO E LIBERDADE DOS POVOS NUMA CONCEPÇÃO REPUBLICANA”

Em comemoração do Centenário da República Portuguesa, terá lugar nos dias 7 e 8 de Outubro, no Mindelo, no Salão do Museu de Artes Tradicionais, o colóquio internacional:

“COLONIALISMO, ANTI-COLONIALISMO E LIBERDADE DOS POVOS NUMA CONCEPÇÃO REPUBLICANA”
1. Organização
Este Colóquio resulta duma parceria entre o Instituto Camões - Centro Cultural Português na Praia e Pólo no Mindelo, CEIS20 (Centro de Estudos Interdisciplinares do Século XX) da Universidade de Coimbra e UNI-CV.
2. Enquadramento
O ano de 2010 assume particular significado para as historiografias cabo-verdiana e portuguesa. Celebraram-se os 550 anos da descoberta das ilhas, afinal, a data primeira da profunda relação que hoje existe entre dois países independentes, mas com fortes laços históricos e culturais. 2010 é, também, o ano em que celebrou o 35º aniversário da independência de Cabo Verde, enquanto em Portugal se comemora o Centenário da República, em cujas raízes radica parte significativa da organização política e social do país. É, pois, neste quadro de referência que surgiu a ideia de promover uma reflexão sobre o ideário republicano colocando o enfoque na questão ultramarina e, em particular, em Cabo Verde.
Profundamente marcado pelo Ultimato Inglês de 1890, o projecto colonial republicano tendeu a assumir, desde início, uma postura defensiva em relação às demais potências europeias, patenteada na participação portuguesa na Grande Guerra, assim como na tentativa de proceder a uma definitiva delimitação territorial dos chamados domínios de além-mar. Por outro lado, prosseguindo as “Campanhas de Pacificação” da Monarquia Constitucional, com especial destaque no teatro guineense e em Angola, a Primeira República ensaiou também lançar os fundamentos de uma ocupação efectiva e duradoura e daí o apelo ao estabelecimento de colonos em terras de África e o surgimento de manuais destinados a doutrinar e a informar esses mesmos novos colonos.

Tendo promulgado cartas orgânicas para cada uma das colónias, os políticos republicanos procuraram promover a descentralização e a autonomia. Mas, em última análise, foi a instabilidade governativa do regime implantado a 5 de Outubro de 1910 – mais do que falta de vontade – que não permitiu o desenvolvimento do ideário republicano. Instabilidade governativa e uma premente falta de capital, que as constantes acusações nos palcos internacionais, acerca da escravatura encapotada mantida por Portugal, vieram ainda mais enfatizar, descredibilizando e enfraquecendo o regime.

3. Objectivos
São objectivos deste Colóquio aprofundar as questões acima enunciadas e também questionar a forma como as populações letradas das diferentes ex-colónias africanas de Portugal reagiram a estas ideologias e políticas, aderindo a elas ou criticando-as, recorrendo para isso ao estudo dos seus veículos de expressão e formas de organização, procurando também estabelecer eventuais ligações ideológicas ou de outro cariz entre esta época e esta geração e a que, décadas mais tarde, levou estes mesmos territórios à independência nacional.

Finalmente, o Colóquio visará ainda reforçar a cooperação científica entre instituições e investigadores portugueses e cabo-verdianos, bem como promover a produção científica em Língua Portuguesa.


4. Programa do Colóquio
Dia 7
9h00
Abertura do Colóquio com intervenções da S. Ex.as  a  Embaixadora de Portugal em Cabo Verde, a Presidente da Câmara da S. Vicente, o Magnífico Reitor da UNI-CV e o representante do Centro de Estudos Interdisciplinares do Séc XX da Univ de Coimbra

9h45
Abertura da Exposição  Letras e Cores. Ideias e Autores da República

10h30
Prof. Doutor António L. Correia e Silva (Magnífico Reitor da UNI-CV)
Democracia e Colonialismo: uma combinação possível?

Prof. Doutor Luís Reis Torgal (Universidade de Coimbra / CEIS20)
República e Colonialismo. António José de Almeida e África

15h30
Mestre Sérgio Neto (doutorando em Hist. Contemporânea pela FLUC/CEIS20)
Imagens e representações de Cabo Verde na imprensa da Primeira República

Doutora Ângela Coutinho (investigadora no CESNOVA / Univ, Nova de   Lisboa)
A representação do 'negro' nos textos de autores cabo-verdianos do jornal 'A  Mocidade Africana' (1930-1931)

Doutor Brito-Semedo (Universidade de Santiago)
A Vez da República e a 'Voz de Cabo Verde'
Dia 8
9h00

Doutor Fernando Pimenta (bolseiro de pós-doutoramento da  FCT/CEIS20/U.C.)
A 1ª República e o protesto autonomista dos brancos de Angola
Doutor Julião Soares Sousa (bols. de pós-doutoramento da FCT/CEIS20/U.C.)
As organizações protonacionalistas guineenses durante a I República: ocaso da Liga Guinenese e do Centro Escolar Republicano

Doutor João Lopes Filho (UNI-CV)
Reflexos em Cabo Verde de Implantação da República Portuguesa

15h30

Doutora Maria Adriana Carvalho (UNI-CV)
Emigração, cultura letrada e progresso social: Cabo Verde na época republicana
Doutor João Vasconcelos (investigador no I.C.S. da Univ. de Lisboa)
Espiritismo e Republicanismo em Cabo Verde: a conversão do  Cónego António       Manuel da Costa Teixeira

Mestre Olavo Bilac Cardoso (UNI-CV, doutorando em Estudos Africanos pela Universidade do Porto)
Pedro Cardoso e a República


Integrada nas comemorações, no mesmo local, de 7 a 15 de Outubro, estará aberta ao público a exposição:

LETRAS E CORES
IDEIAS E AUTORES DA REPÚBLICA
Organizada pela Direcção Geral do Livro e das Bibliotecas com o apoio do Ministério da Cultura e da Comissão para as Comemorações do Centenário da República


A exposição é composta por dez cartazes ilustrados por autores contemporâneos - João Vaz de Carvalho, Afonso Cruz, Bernardo Carvalho, Marta Torrão, Teresa Lima, Rachel-Caiano, Jorge Miguel, Carla Nazareth, Gémeo Luís e Alex Gozblau – a partir de textos de escritores que refletem a proclamação republicana. Os textos, de Guerra Junqueiro, Aquilino Ribeiro, José Rodrigues Miguéis, Abel Botelho, Tomás da Fonseca, Manuel Laranjeira, Virgínia de Castro e Almeida, Ana de Castro Osório, Almada Negreiros, Jaime Cortesão, Raul Brandão, e ainda das  revistas Águia, Orpheu e Seara Nova,  foram escolhidos pelas historiadoras Helena Buescu e Fernanda Rollo.

A frase proferida por um soldado quando julgado em tribunal pela intentona republicana de 31 de Janeiro de 1891 – “Não sei o que é República, mas não pode deixar de ser uma cousa santa” – abre a exposição, seguindo-se o cartaz de autoria de João Vaz de Carvalho inspirado no poema de Guerra Junqueiro “O caçador Simão”, uma paródia ao Rei e à realeza.

Publicado pelo Instituto Camões, Praia-Pólo de São Vicente:

http://www.instituto-camoes.pt/agenda/mindelo-coloquio-internacional-colonialismo-anti-colonialismo-e-liberdade-dos-povos-numa-concepcao-republicana.html

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